sexta-feira, 6 de maio de 2011

Orgulho e Preconceito e Zumbis, de Jane Austen e Seth Grahame-Smith

 
"Turn the tables with our unity
They're neither moral nor majority
Wake up and smell the coffee
Or just say no to individuality

When we pretend that we're dead
When we pretend that we're dead
They can't hear a word we've said
When we pretend that we're dead"
Pretend We're Dead - L7

Hello! A resenha de hoje é do adorável "Orgulho e Preconceito e Zumbis", mas, antes da análise propriamente dita, uma pequena justificativa sobre a escolha da música do trecho acima (é mais ou menos relevante, sério!).
Para quem não sabe, L7 era uma banda de rock só de mulheres que esteve em seu auge no início dos anos 90, quando, entre outras coisas bonitas, saíram em turnê com o Nirvana e criaram uma fundação chamada "Rock for Choice", que defendia os direitos e liberdades civis da mulher (agradeço à dona Wikipedia pela última informação). Ou seja: elas eram bem girl power. E sabe quem também era bem girl power? Jane Austen, ora!

Ok, vou admitir logo: eu nunca li nenhum livro da Jane (pelo menos, nenhum sem a presença de criaturas comedoras de cérebros...) e isso é uma das minhas "vergonhas literárias" - tenho uma quantidade tristemente razoável delas - que pretendo curar em breve. Mas li resenhas e comentários suficientes sobre o trabalho dela para entender que a moça gostava de usar ironia sutil para apontar as, perdoem-me a falta de delicadeza, babaquices da sociedade de sua época. Até em "Orgulho e Preconceito e Zumbis" isso é notável. Assim como também é notável que ela criou uma protagonista que tem opinião própria e fala o que pensa, numa época em que mulheres deviam apenas ser bonitas, prendadas e agradáveis, muitas vezes, até mesmo, praticamente, hã... se fingir de mortas.

Há! ufa, já tava demorando pra finalizar a maldita relação... Enfim, se fingir de morto, zumbis, girl power... achei que "Pretend We're Dead" tinha tudo a ver com "Orgulho e Preconceito e Zumbis". Na verdade, acho que se a Jane fizesse parte de uma banda grunge dos anos 90, ela faria uma música assim, mas como andam inventando histórias demais com ela ultimamente, é melhor não dar ideia...

Agora sim, vamos à análise. Não é que eu esteja dizendo que a presença dos zumbis seja "ooh, uma metáfora para os problemas sociais da época", nem nada. Por favor, why so serious?? Mas uma coisa eu digo: os zumbis se encaixam na história.

Quando ouvi falar no livro pela primeira vez, achei que seria uh-te-re-rê-zoação-tá-tudo-liberado!, com zumbis. E isso já pareceu bom o suficiente para dar uma chance. Ah, meus queridos zumbis *-*

Só que acontece que não é bem assim. Na verdade, não é nada "uh-te-re-rê". O livro foi feito de um jeito que parece que os zumbis sempre existiram na história, a presença deles faz sentido e você chega a acreditar que Elizabeth Bennet nasceu para ser uma chutadora de traseiros de não-mencionáveis. Esse cuidado para que tudo ficasse bem encaixado e para que a história de "Orgulho e Preconceito" fosse contada não só apesar dos zumbis, mas usando-os à seu favor, demonstrou habilidade e respeito à obra original. E ficou muito mais legal do que uma simples zoação insana!

You go, Lizzy! Kick some ass!


Porém, não deixa de ser, sim, uma sátira, e mesmo que tenha "Orgulho e Preconceito", também tem sangue, cérebros devorados, membros decepados, ninjas (sim, NINJAS! Como se zumbis não fossem bons o bastante, também tem NINJAS!), lutas e outras novidades que podem ser bem indigestas para muitos fãs da história original.
Nesse aspecto, o livro é mesmo um tanto problemático, porque o inverso também pode acontecer! Quer dizer, se a criatura for atrás do livro só pelo gore e pelas bizarrices, pode quebrar a cara ao se deparar com uma boa quantidade de cenas "comuns" e diálogos extensos. Com certeza NÃO é um livro recomendável para qualquer um, mas isso não quer dizer que não tenha muita gente que goste. Eu, particularmente, achei divertidíssimo: uma boa história clássica, um romance lindo, Elizabeth, Sr. Darcy, zumbis sanguinários... só coisas que eu amo! :D

Ok, um breve resumo da trama. É praticamente a mesma de "Orgulho e Preconceito", exceto pelo fato de que, algumas décadas antes de quando a história começa, uma estranha praga, que faz os mortos voltarem à vida como seres violentos famintos por cérebros, apareceu na Inglaterra e, desde então, nunca mais foi embora, tornando os zumbis parte do cotidiano. Isso, por si só, eu achei interessante, porque histórias de zumbis costumam mostrar o caos do surgimento das criaturas, o chamado "dia Z", e ainda são poucas as que mostram pessoas lidando com zumbis uma vez que eles já são parte do dia-a-dia.

Enfim, é nesse cenário que se encontra a família Bennet, composta pelo pai, o divertido Sr. Bennet, a mãe, a neurótica maluca, insuportável Sra. Bennet e as cinco filhas: Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e a também insuportável  Lydia, todas muito bem treinadas no combate contra os não-mencionáveis (é, é assim que costumam chamar os zumbis).
Eu adorei essa coisa das garotas terem sido treinadas na China e da Elizabeth ser uma guerreira até meio Beatrix Kiddo, de Kill Bill, honrando sempre os ensinamentos de seu mestre - que, pelas descrições dos treinamentos, se parece demais com Pai Mei.

A Sra. Bennet continua sendo obcecada por ver suas flhas casadas e, diante de algo tão sério e preocupante quanto os ataques de zumbis, isso se torna ainda mais irritante. Numa sacada bem esperta, explica-se que seu nervosismo começou na juventude, desde o primeiro surto da praga, e que ela só conseguia obter consolo se apegando a tradições que agora pareciam supérfluas para outros.
E, para a animação total da Sra. Bennet, chegam na história o rico e bonito Sr. Bingley e sua comitiva para ocupar Netherfield Park (ganha um doce quem adivinhar o triste fim dos ex-moradores da propriedade...), comitiva esta que inclui o ainda mais rico e bonito Sr. Darcy. Sr. Darcy é um mito. Ele faz mulheres suspirarem desde o século XIX. Sua trajetória de aparentemente arrogante, para misterioso e complexo e, por fim, chegando a ser simplesmente adorável, faz dele um personagem rico e interessante. E, para mim, que sou chegada em homens com o dom de exterminar zumbis, ele ficou ainda mais hotilicious *-*

A relação de Elizabeth com Darcy é uma delícia de se acompanhar, porque se separados os dois já são personagens ótimos, juntos eles travam os melhores diálogos e trocas de farpas, além de, depois, momentos fofos/constrangedores. Pois é, não é mais só o embate entre duas pessoas teimosas, uma preconceituosa e a outra orgulhosa; as duas também são exterminadoras de zumbis!


aww *-*


Após a chegada da comitiva Bingley em Netherfield Park (perceba que minha narração da trama já está totalmente caótica...), ele não demora a dar um baile, e nesse baile as coisas não dão muito certo, tanto entre Elizabeth e Darcy quanto para os convidados desafortunados que estavam perto demais das janelas, e por aí a história segue, indo pelo caminho do original e incrementando com as "liberdades poéticas".

Bem, como eu já disse, foi uma leitura bem divertida, e além de ter bastante ação e alguns momentos hilários (a Charlotte zumbi é épica!), também aumentou meu vocabulário com as expressões rebuscadas comuns em romances antigos - e isso é uma coisa rara de se dizer de um livro.
Não é preciso ler o livro original antes para curtir esse - eu não li. Mas, para ser sincera, fiquei feliz de ter visto o filme de 2005, só para ter uma ideia do que esperar e ter com o que comparar.

Falando em filme, a versão cinematográfica de "Orgulho e Preconceito e Zumbis" está em desenvolvimento e tem previsão de lançamento para 2013. Aparentemente, a Elizabeth será interpretada pela Natalie Portman (yay, Natalie! *-*), o que eu acho uma boa, já que ela tem essa beleza de filme de época e se parece um pouco com a Keira Knightley .

Outros mash-ups de Jane Austen surgiram, Seth Grahame-Smith escreveu "Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros" e "Orgulho e Preconceito e Zumbis" ganhou uma prequel, "Pride and Prejudice and Zombies: Dawn of the Dreadfuls" e uma sequência, "Pride and Prejudice and Zombies: Dreadfully Ever After", ambas escritas por Steven Hockensmith. E tudo isso está na minha wish list (apesar de desconfiar de que a prequel e a sequência de "Orgulho e Preconceito e Zumbis" devem ser um tanto trash...).

Finalizando, não é um livro para todos os gostos, nem para todos os estômagos, mas se você achar que é o tipo de coisa que te agrada, dificilmente vai se decepcionar. Agora estou com vontade de ler o livro original, além dos outros da Jane Austen, afinal, se Elizabeth Bennet é uma heroína badass que mata zumbis, é porque, primeiro, Jane fez dela uma heroína badass.

E fiquem com um souvenir para as fãs do Sr. Darcy, principalmente minha querida prima, Amanda, que leu o original e me deixou olhar de vez em quando para comparar enquanto eu lia "Orgulho e Preconceito e Zumbis", e que ama essa cena...



See ya o/

4 comentários:

Unknown disse...

Ah! Como o Darcy é tudo! Obrigada pela linda dedicatória no final. Não fui sua primeira seguidora mas sou sua fã número 01 ahaha. Amo você

Daniele Tem Pass disse...

Putz, quero muito ler esse livro! Lizzie, Darcy e ZUMBIS! 8D
Tô até com vontade de reler Orgulho e Preconceito agora. Aliás, leia O&P, é muito bom! Se você ler, aproveita pra dar uma conferida na série Lost in Austen, que é sobre o universo de O&P. *Momento merchan*: tenho uma resenha de Lost in Austen lá no meu blog, se você quiser dar uma olhada. XD

Adorei seu blog, nome muito criativo! HIOAUEHOAEIHU

Beijos.

Marcela G. disse...

Aah, Dani, obrigada! *-*
Criativo é o nome do seu blog, o do meu é non-sense hahaha
Já ouvi falar nessa Lost in Austen, parece muuito legal, vou ver sua resenha, sim ;D
Beijos

Daniele Tem Pass disse...

Marmota Avenue é legal e criativo sim! HIAUEHIOAHUEAHIE

Assista Lost in Austen, recomendo demais. *-* E são só 4 episódios.

Beijos.

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